Amanhece em Ponte Alta do Tocantins. A pequena cidade da microregião do Jalapão, fundada em 1989 e com seus 6.200 habitantes desperta em torno do posto de combustível. Ali se compra o diesel para as máquinas agrícolas e se abastecem os carros que iniciam a travessia do deserto do Jalapão. É no posto também o melhor ponto para quem depende de caronas para chegar até Mateiros. Não existe transporte regular entre as duas cidades. Primeiro pelo baixo índice populacional e segundo pelas inóspitas condições da estarada que atravessa o deserto. Somente veículos com tração nas quatro rodas conseguem passar por alí, mesmo assim alguns atolam ao sair da estrada e trilhas secundárias. É fundamental que se leve para a travessia muita agua, comida e combustível extra. O Jalapão é considerado um deserto pelo baixíssimo índice de densidade demográfica. Você pode ficar horas ou até mesmo o dia inteiro sem encontrar uma única pessoa.
Espero por uma carona enquanto fotografo a cidade.
Dona Lázara, da pousada e Restaurante Planalto, da dona Lázara (63 337811 41 e 63 33781170), me oferece um rede para descansar no restaurante que possui bem em frente ao posto. Recuso pois tenho medo de perder uma possível carona. Dona Lázara reage:
- Pode vir descansar um pouco, a noção de tempo aqui é diferente da que vocês tem na cidade.
Agradeci, mas prefiri manter minha noção de tempo e continuar no posto atento a qualquer carona possível. O preço para te levarem de camionete a Mateiros gira em torno de R$500,00. Achei um exagero pela distância (cerca de 180 Km), mais tarde veria que este valor se justifica.
As horas passam e ninguém aparece para atravessar o deserto. Chega uma caravana com quadriciclos e várias camionetes que participam do rali dos sertões. Me empolgo, mas em vão pois estão indo em direção ao interior de Ponte Alta realizar ações sociais. Volto a esperar, sol esquenta, penso que vou ficar mais um dia nesta cidade. Se até as 13 ou 14 horas ninguém entrar na estrada é bem possível que só saia alguém no dia seguinte, ou no outro... Paciência, passam das 10 horas da manhã e decido aceitar a rede de dona Lázara.
Enquanto atravesso a rua vem subindo a ponte um comboio de camionetes (4 no total). Quase fico sem fôlego ao ver a primeira delas adesivada com os dizeres: Expedição Jalapão 2010! Puxa vida, tudo o que eu precisava. A expedição era composta por integrantes do Jeep Clube do Brasil.
No primeiro carro Robson e Paulão (Mitsubishi), no segundo Sandra e Heitor (Troller), terceiro com Giustu e Cristina (Toyota) e no quarto, o meu (rsrsrs), com Ricardo e Elizete (Barão e Baronesa do Cajamar) com “nossa” insuperável Mistubishi. Sorte não é para qualquer um, o problema é fiquei meio mal acostumado e cheguei a pensar em somente aceitar futuras caronas de membros da realeza.
A expedição não estava simplesmente atravessando rumo a Mateiros. Iriam visitar diversos atrativos da região, o que só valorizou o meu “pacote”. Passamos pela Gruta do Sussapara, Lajeado, Cachoeira da Velha e Prainha. A estrada é muito difícil, porém parecia brincadeira para os carros da expedição que por várias vezes saíram das estradas principais e se embrenharam em trilhas secundárias. Impressiona a força de um 4X4.
Até chegar a Mateiros foram 9 horas de deserto. Ilana, guia da expedição (63 35341052), havia preparado uma ótima recepção com direito a um delicioso jantar, para o qual o caroneiro do dia foi convidado. Nem precisei ficar tossindo na porta do Barão.
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